sábado, 24 de julho de 2010

Aquela




Minha amada é de carne, de pele e pêlo.
Ora é negra, ora é loura, ora é vermelha.
Minha amada é três. É trinta e três.
Minha amada é lisa, é crespa, é salgada, é doce.

Ela é flor, é fruto, é folha, é tronco.
Também é pão, é sal e manga-rosa.
Minha amada é cidade de ruas e pontes.
É jardim de arrancar flores pelo talo.

Ela é boazuda e é bela como uma fera.
Minha amada é lúbrica, é casta, é catinguenta.
Minha amada tem bocas e bocas de sorver,
de sugar, de espremer, de comer.

Minha amada é funda, latifúndia.
Minha amada é ela, aquela que não vem.
Ainda não veio, nunca veio, ainda não.
Mas virá, ora se virá. A diaba me virá.
 

Darcy Ribeiro

4 comentários:

Karla Hack disse...

Não conhecia este texto... Adorei a forma como a poesia é exagerada e intensa..
Muito show o seu desenho também.. adorei as cores!
;D

Fernando disse...

O pensamento voa...hehe...

Abs,
seuanonimo.blogspot.com

Macaco Pipi disse...

vadia!

Macaco Pipi disse...

é depilada essa do texto?